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Ponto de vista “visto” por um analista

Por: Maria do Carmo Mucciolo

 

O que é para um analista receber pacientes em sua clínica, onde se colocará em jogo o resultado de sua própria análise, seu embasamento teórico, seu desejo de ser analista e mais do que isto, seu desejo de analista.

Nesse momento em que a transferência o colocará neste lugar, onde terá de transpor barreiras, deixando de lado sua subjetividade, estar atento a escuta daquilo que não é óbvio, dos interditos, dos atos falhos, dos tropeços, para que o desejo que está oculto apareça, para que aquela queixa se transforme em algo mais, num saber não sabido.

Ouvir a cada sessão surgir um sujeito, deixando seu lugar de objeto, onde o estar na mão do outro o faz incapaz de dirigir sua vida e responsabilizar-se pelos seus atos.

Muitas vezes ver a paralisia que o pânico produz, a dor intensa de existir, as lágrimas incontroláveis.

Sabendo o analista que o objeto da cura não será buscar o fator acontecido, a realidade dos acontecimentos, mas sim, desfazer as fixações pulsionais do analisando. É preciso que este renuncie ao gozo do encontro da descoberta da castração, pois assim o desejo que estava aprisionado, terá um outro fim, um outro destino.

Pouco a pouco, presenciar a dor dando lugar aos sonhos, as lágrimas, as palavras, os significantes remetendo a outros significantes.

Algumas vezes vendo o analisando enamorado por sua análise e pela psicanálise, podendo também, perceber que alguns analisantes despertam para esse novo saber, até então desconhecido, onde na procura de sua verdade, na solidão de sua análise, saem dessa experiência com vontade de querer ir mais além, de poder passar desse lugar que ora ocupava com sua fala, a ocupar outro com sua escuta.