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Desejo do Analista

Por: Maria do Carmo Mucciolo

Nos textos que li sobre o desejo do analista, pontuei algumas perguntas feitas pela maioria deles sobre a natureza do desejo que os impele a oferecer e sustentar a experiência da psicanálise.

Por que alguém poderia querer ser analista? O que determina um desejo dessa índole, suficientemente comprometedor para ser considerado um sintoma? O que se ganha e o que se sacrifica nisso? O que se obtém de êxito e aquilo em que se fracassa? Por que para muitas pessoas a psicanálise é um ofício vital?

Para tantas perguntas corresponderiam tantas respostas e reflexões quantos sujeitos em jogo.

Todavia é para além das motivações pessoais e individuais que eu me pergunto se o lugar do analista independe e preexiste aos que pretendem ocupá-lo.

Há diferença entre desejo de ser analista, o que caberia ao campo da escolha profissional, e no desejo do analista, que se trata de um lugar fora da cadeia significante, fora do inconsciente.

No desejo do analista encontra-se escansão, corte, ruptura, hiância em relação a cadeia significante.

O desejo do analista não é desejo do Outro. O desejo do analista remete a demanda do sujeito, a sua vertente pulsional.

Desejo do analista é desejo de saber, o desejo não é sujeito é objeto do saber. É seguir os sinais vias do sintoma como verdade.

A própria presença do analista é uma formação do inconsciente. Não há inconsciente sem analista.

A presença do analista possibilita operar e ser testemunha da perda dos ideais, de identificações.

Lacan afirma a quem sofre: “você não será liberado desse nó à não ser no desejo do analista”

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Me é necessário como analista perguntar a cada dia o que produzi, aonde errei, o que mais preciso aprender.

Para os analisandos, que o desejo do analista conserve sua função de interpretação do desejo do Outro.

Na condução de uma análise o desejo do analista é condição à função de causa. É o desejo do analista que coloca o objeto na posição de objeto. Que coloca o desejo e não o inconsciente como objeto.