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Algumas questões da prática analítica

Susana Palacios
Nossa prática nos exige “um saber fazer” com o inconsciente de cada um que nos procura. Este saber fazer não é homólogo ao saber fazer que os livros transmitem. Ele é o fruto maduro da própria experiência de uma análise. Esta experiência tem começo e fim. Seu começo exige o que chamamos de “entrevistas preliminares”, o que Freud denominou de “sondagem”.
Nelas é imprescindível a interrogação, as perguntas, já que nada sabemos daquele que nos fala e nada saberíamos sem escutá-lo.
A posição inaugural daquele que começa uma análise é estar “alienado”, a respeito de quê? Daquilo que constitui o mais íntimo de seu ser. A questão ética que se dirime neste momento da experiência é se rejeita ou se reconhece o “não sabido”. O que quer dizer, se opera ou não a castração. O que implica saber da própria satisfação nos sofrimentos seja em seus sintomas, suas inibições ou suas angustias.
Por ir ao lugar do analista, ou o que é o mesmo, pelo “desejo de analista”, não nos orientamos nem pelos padrões de conduta, nem pela moral e tão pouco poderíamos operar com pré-conceitos. Nos guiamos por princípios éticos. Só assim poderemos dar conta do inconsciente, do seu aquém e do seu além. Realizando a necessária escuta e leitura para realizar os atos apropriados, que reconheceremos como tais por seus efeitos.
Na experiência de uma análise o tempo e os honorários que recebemos não respondem a nenhum standart, nem tão pouco ao que o mercado estipula.
Uma sessão psicanalítica não se rege pelo tempo do relógio ou cronológico, mas pelo tempo lógico de uma fala que permita ver, compreender e concluir.
O dinheiro tem a função de dar valor ao saber produzido, além de que com ele cada um põe em jogo o que cede para alcançar este saber que o determina sem sabê-lo.
Como vemos, trata-se de uma investidura libidinal.
A passagem de entrevistado a analisando implica a posta em ato da “regra fundamental da associação livre” que fixará, depois das perguntas e das interrogações, os lugares do que fala e do que escuta e lê, possibilitando por isto intervenções oportunas.
É deste modo que o psicanalista vai ganhando a confiança necessária para esta caminhada. E quem poderia saber qual é o tamanho do passo deste caminhante e qual é a sua velocidade?