Nossa prática nos exige “um saber fazer” com o inconsciente de cada um que nos procura. Este saber fazer não é homólogo ao saber fazer que os livros transmitem. Ele é o fruto maduro da própria experiência de uma análise. Esta experiência tem começo e fim. Seu começo exige o que chamamos de “entrevistas preliminares”, o que Freud denominou de “sondagem”.
Nelas é imprescindível a interrogação, as perguntas, já que nada sabemos daquele que nos fala e nada saberíamos sem escutá-lo.
A posição inaugural daquele que começa uma análise é estar “alienado”, a respeito de quê? Daquilo que constitui o mais íntimo de seu ser. A questão ética que se dirime neste momento da experiência é se rejeita ou se reconhece o “não sabido”. O que quer dizer, se opera ou não a castração. O que implica saber da própria satisfação nos sofrimentos seja em seus sintomas, suas inibições ou suas angustias.
Por ir ao lugar do analista, ou o que é o mesmo, pelo “desejo de analista”, não nos orientamos nem pelos padrões de conduta, nem pela moral e tão pouco poderíamos operar com pré-conceitos. Nos guiamos por princípios éticos. Só assim poderemos dar conta do inconsciente, do seu aquém e do seu além. Realizando a necessária escuta e leitura para realizar os atos apropriados, que reconheceremos como tais por seus efeitos.
Uma sessão psicanalítica não se rege pelo tempo do relógio ou cronológico, mas pelo tempo lógico de uma fala que permita ver, compreender e concluir.
A passagem de entrevistado a analisando implica a posta em ato da “regra fundamental da associação livre” que fixará, depois das perguntas e das interrogações, os lugares do que fala e do que escuta e lê, possibilitando por isto intervenções oportunas.